segunda-feira, setembro 25, 2006

Corre, Zote, Corre

Este ano fui à Mini-Maratona de Lisboa. Não que seja um grande atleta, mas mais pela experiência humana. Aprendi muita coisa.
O incentivo
O incentivo principal de 87,34% da malta que lá vai é ver rabos em licra. Quem tiver endurance pode-se dar ao luxo de escolher qual o cú a seguir, quem não tiver, contenta-se com que apanhar. E o que houver podem ser cagueiros com 60 e tal anos.
As restantes percentagens distribuem-se pela vontade de atravessar a pontapé, digo, a ponte-a-pé, e amealhar o maior número de garrafas de água e powerade possível.
Há depois um gajo que quer ganhar. Este costuma acabar em primeiro lugar e é considerado o melhor rabo da maratona.
Antes da partida
Primeiro combina-se em frente à Gare do Oriente. Todos sabem onde fica. Daí quando lá se chega estarem 3500 macacos todos à procura uns dos outros. Quando se liga para o telemóvel com o tradicional "onde estás?", ouve-se do outro lado "estou aqui, em frente à Gare do Oriente". É normal acabar-se sozinho, sem encontrar com quem íamos correr. Felizmente há vários rabos para observar. E bons.
A espera
Somos enlatados em camionetas especificamente designadas para nos despejar no local da partida, a meio da ponte Vasco da Gama. Depois, espera-se pelo menos 1h30 debaixo do sol, em pé, a cheirar os belos aromas dos wc portáteis quando o vento sopra de feição, e a ensurdecer gradualmente com música a mais de 230 dB temperada com um histérico que grita algo como "há alegria na ponte Vasco da Gama! Olháí, braços no ar minha gente! Tudo a saltar!" Vê-se bem que este gajo não vai correr.
A partida
Os primeiros kms são pautados por um slalon por entre os milhares que se deslocam a passo moderado. Crianças, velhos e sagitários com caspa. Os piores rabinhos ficam para trás.
A corrida
Este ano deu-me vontade de cagar ia eu no km 3. Dava-me a sensação que não seriam fezes de consistência regular pelo que, confesso, tive algum receio de ir a deixar rasto o resto do percurso. Fui forte, venci o medo. E os intestinos. Contraí-me bem e prossegui. A pior prova psicológica foi perto do km 5 quando um nauseabundo fedor a estrume presenteou os atletas. Não havia escapatória. Era definhar ou acelerar o passo. Nem fiz nem uma coisa nem outra. Aguentei-me. Que remédio.
Na primeira metade, ia ofegante e tinha as pernas frescas. Na segunda, apanhei o ritmo mas doiam-me os canivetes. O mundo perfeito pura e simplesmente não existe.
A chegada
Nada melhor que acabar a corrida em calçada portuguesa. Sim, estou a ser irónico. Quem pensou este percurso era muito bem abatido.
O prémio
Os prémios este ano foram a medalha da praxe e um corneto gentilmente oferecido pelas gajas da Olá. Entre várias frases, a mais ouvida foi "a menina não tem aí nada que se lamba?".
Para o ano estou lá batido.

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