sexta-feira, outubro 14, 2005

Ode ao ir e vir

Ode ao ir e vir

Neste mundo há quem se venha
Mas também quem só se vá.
Parece então que o encontro
Com quem se venha ou não venha
Seria um acto de louco
Desencontro que não dá

Por-se-á então a questão
Do como é que se dará
Esse encontro ou acidente
Colisão inconsequente
Entre o que irá e virá

É que no venha não venha
Neste ir e vir de lá
O corpo corre com gosto
Com suor que cai do rosto
No corpo de cá pra lá

Torna-se agora indiferente
A diferença então premente
Entre o partir e chegar
Entre o ir e o regressar

Assim parece a batalha
Cá e lá, encruzilhada
Em que o ganho e o perdido
O « se » do vindo ou do indo
Se torna em nada mais nada

É então que quem se foi
E trazendo o se de volta
Grita e repete bem alto
Como um ladrão num assalto
Que se vai e já não volta

Assim se fica pasmado
Iku-iku libertado
Já ido e nunca chegado
A lugar de nenhum lado

Pra quem vai e já lá está
Pra quem vem de lá para cá
Por quem quer o vir e ir
Que fique bem demarcado
O percurso é cruzado
Porque quem quer ir quer vir
E o caso está arrumado

5 comentários:

Anónimo disse...

Xubido entra em grande pela Sanita adentro!
Um dos melhores poemas do milénio!

babaloud disse...

Belo poeta, é a aquisição do século.
Mas, Ohhhhh Xubido!!! O que é Iku-iku????

Anónimo disse...

as rimas são muito bonitas. a métrica também. a metafisicalidade da abordagem é excelente.

Anónimo disse...

concordo Babaloud, mas o que é isto do iku iku? E quem é este gajo novo?

Anónimo disse...

And isnt it ironic? Dont you think?